Quando isso começou, eu tinha 17 anos, estava sentada na frente do notebook que ganhei no meu aniversário de 15 e me alimentava de uma porção de macarrão que não devia passar de quatro garfadas ao todo. Eu era obcecada pela magreza, pelo meu tumblr aesthetic, se meu braço acordou mais fino e minha ruga no meio da testa, mais suave. Eu planejava noite e dia, vivia com a cabeça tão no futuro que sequer conseguia processar o presente. Hoje, passo todos os dias no passado, ainda que parcialmente - tentando processar e dar sentido ao que vivi, entender causa e consequência, reviver memórias que, na hora, outra coisa pareciam.
hoje eu peso uns 10 quilos a mais, meu braço definitivamente não está mais magro, nem minha ruga mais fina - mas trabalhei o suficiente para bancar o botox e tenho alguém que me ama tanto como eu sou que as vezes faz parecer que o peso do meu corpo só existe no plano mental (mas só as vezes).
hoje eu tenho e vivo coisas que minha mente enfuturada jamais concebeu, jamais ousou desejar - tudo parecia longe demais quando meu maior sonho era sobreviver fora dali, daquele sistema anaeróbio e, por incrível que pareça, constantemente ressecado.
contemplo voltar, em todos os sentidos que voltar possa ter na minha vida. Voltar pra casa, voltar pra Danielly de 17 anos, voltar a escrever aqui. Mas aprendi que o querer é provavelmente a coisa mais passageira que poderemos sentir, então eu espero passar, torcendo pra passar.
hoje não esperei. estou tentando não pensar nas próximas.