segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Parar antes ou chorar depois?

Eu mando emails pra mim mesma com as suas fotos pra não ter mais na memória (do celular, pelo menos) algo tão paralisante quanto seu rosto. Porque sou obsessiva, obsessivamente procurando nos detalhes algo que mostre qual é o nível de importância que eu tenho, se é que tenho, pra você.
A resposta, imaginativa como sempre, é das piores e mais realistas possível: não significo nada. Sei que, apesar de ser um reflexo da minha mente cruel e doentia, é também uma afirmativa verdadeira - porque, afinal de contas, nos conhecemos no tinder enquanto você queria uma distração pro sufoco que foi seus relacionamentos passados. E eu sei que sou isso pra você - aquilo que aparece calmamente, sem muitos desafios, pra fazer você acreditar novamente que existe gente boa no mundo. Eu sou a sua  chuva de verão. Só vim pra acalmar uma ardência desesperadora e preocupante que te assolava, que, entre tantas outras coisas na sua vida, te petrificava pelo medo de viver.
Mas, por outro lado, como fico eu depois que você passar? Você que é sol quente numa manhã de inverno - que acalenta, abraça sem tocar, acarinha; que fica por minutos pra ser lembrado pelo resto do dia. É como se meu momento favorito fosse transformado em ser humano e, ainda assim, eu estivesse sofrendo.
Não que eu sofra, agora. Mas eu vou, não vou? Porque você vai embora. Vai me deixar como todos os outros.
Porque eu sou posto de passagem, de recarga, de abastecimento - vocês vêm, vão e eu fico sem parte daquilo que me constituía.
Sem ânimo, sem amor próprio, sem esperanças, sem autoestima.
Eu fico pelo dever - você vai pela vontade.

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