terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Relendo minhas publicações parece tão óbvio que sou apaixonada por quem não quer nada comigo.
Por que eu não consigo enxergar isso?
Por que eu não consigo aceitar isso, e seguir em frente?
Você veio num momento que pra ter me trazido clareza; nunca estive mais confusa.

Sábado

Você me buscou na casa de marcus pela tarde; não te via há semanas, sorri. Conversamos, nos divertimos, fomos no mercado comprar cerveja e foi leve como sempre é com nós dois.
Na sua casa, o mesmo. Quando a noite chegou e a gente já tinha começado a beber, nossas conversas ficaram melhores, rimos mais, nos tocamos mais - num geral, fomos mais abertos - até que, vendo seus tweets que eu fiz tanta questão de olhar, seu celular recebeu notificação do tinder. Eu gelei. Foi a forma mais rápida de me deixar sóbria. Olhei pro chão, te entreguei o celular e por minutos parecia que não estávamos ali. Eu não estava ali - e sim sozinha, no meu quarto, bêbada e pensando em você.
Você trouxe mais cerveja, e continuamos a nos divertir como se aquilo não tivesse acontecido. Transamos, e de novo, e foi ótimo. Mas por que na hora de dormir você virou de costas pra mim, tirou minha mão de você e se afastou? Eu sei a resposta.
Você recebeu uma notificação do tinder. Essa é a resposta.

g a b r i e l

Não sei porque ainda tento forçar uma conversa, uma conexão, que seja, contigo. Não sei porque me esforço em tentar agradar, ser leve, divertida, pra alguém que nem ao menos se interessa.
Queria que essa falta de interesse não fosse real; que fosse coisa da minha cabeça problemática, cheia de inseguranças e sem um mínimo de autoestima. Queria que fosse minha autosabotação, minha inconsciente tentativa em tentar destruir todo começo pelo medo do fim.
Mas, apesar de fazer todo sentido possível, não é por isso que você não vem. Você não vem porque não quer, porque não sou ninguém, nem mesmo passar pela sua cabeça eu devo. Porque isolada na minha própria existência eu só significo, bem ou mal, presença a mim mesma. Eu existo pra mim - e deveria ser por mim, também.
Mas é por todos vocês que eu vivo, respiro, transito. Procurando incessantemente na aprovação de vocês, que não me querem, a minha autoaceitação.
A conta, no final, não fecha.
Não fecha e eu sofro pela impossibilidade matemática de ser amada.
Se eu não me amo, outras pessoas deveriam. Mas nem eu, nem vocês, nem ninguém.